governo do estado de ceará
secretaria da educação básica
centro
de referência em educação e atendimento
especializado do ceará – creaece
formação
continuada da pessoa com DEFICIÊNCIA visual
o
ensino de geografia para deficiente visual
FORTALEZA-CEARÁ
2014
DENNYSE BANDEIRA DE AZEVEDO RODRIGUES
o
ensino de geografia para deficiente visual
Projeto de
Intervenção Pedagógica apresentado ao curso de Formação Continuada em Educação
da Pessoa com Deficiência Visual, sob a orientação da Professora Ana Lúcia
Farias.
FORTALEZA-CEARÁ
2014
Sumário
Introdução2 justificativa3 objetivo geral3.1 objetivos específicos4 revisão da literatura5 metodologia6 cronogramaresultados esperadosconsiderações finaisreferências
INTRODUÇÃO
A Importância da Geografia está
relacionada à necessidade de se conhecer o espaço geográfico. Este pode ser entendido como o espaço
produzido pelo homem e que está em constante transformação ao longo do tempo.
Podemos dizer, então, que o espaço geográfico possui um caráter histórico e,
por isso, é capaz de contar a história e as características da ação humana
sobre o meio em que vive. Além do mais, também é campo de estudo da Geografia
toda a dinâmica superficial da Terra.
O ensino de geografia pode levar os alunos a
compreenderem de forma mais ampla a realidade, possibilitando que nela
interfiram de maneira mais consciente e propositiva. Para tanto, porém, é
preciso que os educandos adquiram conhecimentos, dominem categorias, conceitos
e procedimentos básicos com os quais este campo de conhecimento opera e
constitui suas teorias e explicações, de modo a poder não apenas compreender as
relações socioculturais e o funcionamento da natureza às quais historicamente
pertence, mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar
sobre a realidade, ou seja, o conhecimento geográfico.
Através do ensino de geografia, o aluno poderá
formar uma consciência espacial, um raciocínio geográfico. Essa consciência
espacial vai além do conhecer e localizar, ela inclui analisar, sentir, e
compreender a especialidade das práticas sociais.
O professor deve utilizar sua sensibilidade para
apresentar conteúdos mais próximos do cotidiano do aluno, procurando transpor a
realidade a todos, sejam àqueles que têm algum tipo de deficiência ou não,
fornecendo assim subsídios para que os estudantes formulem seus próprios
conceitos (CHAVES, 2010). Dessa forma, o auxílio do professor, com a utilização
de práticas e recursos específicos, possibilita ao aluno o aprimoramento de
suas habilidades, o que pode favorecer significativamente o desenvolvimento
cognitivo dos estudantes.
Portanto este projeto intenciona apresentar
reflexões sobre o ensino de geografia e propor a aplicação de diferentes
metodologias de ensino utilizando recursos multissensoriais no intuito de
facilitar o processo de compreensão e interiorização de conceitos da geografia.
2 JUSTIFICATIVA
Na disciplina de Geografia em razão dos conteúdos que
aborda, não há como simplesmente descrever os mapas, as gravuras, as
movimentações das placas tectônicas e esperar que o aluno deficiente visual
tenha uma ideia clara desses conceitos, já que a maior parte dos mapas
disponíveis são impressos ou digitais, ou seja, atendem às necessidades das
pessoas com visão “normal”.
Se considerarmos os alunos com necessidades educacionais
especiais, o grupo que apresenta maiores dificuldades na área de ensino da Geografia
é o das pessoas com deficiência visual, pela importância da visualização do
espaço geográfico e de suas representações. As informações e análises
geográficas podem ser obtidas por meio dos textos que utilizam a linguagem
verbal, escrita ou oral, no entanto, como já foi dito não é o suficiente para que
o aluno aprenda a disciplina. É necessário que essas informações sejam
apresentadas também em linguagem gráfica. Sena (2008) é com base em materiais
concretos que o aluno deficiente visual pode realizar abstrações.
Por isso, o desenvolvimento de imagens e representações
gráficas adaptadas à forma tátil torna-se indispensável para uma Geografia que
pretenda ser inclusiva.
Encontra se aqui uma grande dificuldade dos professores ao
encontrar um aluno deficiente visual em sala de aula, pois ele não possui
recursos didáticos, esses tão importantes para a aprendizagem dos alunos.
O estudo da Geografia revela os efeitos da interação do
homem com o ambiente e consigo mesmo, mostra ao aluno que ele faz parte do processo
dinâmico de mudanças na sociedade, além disso, ela aborda conceitos
importantíssimos para seu desenvolvimento como exercícios de mobilidade,
direção orientação espacial e outros. Dessa forma ensino da disciplina de
geografia não pode ser descuidado ou ate mesmo deixar de ser ensinado em razão
das dificuldades encontradas.
3 OBJETIVO GERAL
Auxiliar de modo efetivo aos professores e alunos com
recursos que possibilitem uma maior compreensão da disciplina de Geografia.
3.1 OBJETIVOS ESPECIFICOS
- Promover uma maior interação e ajuda mutua entre alunos deficientes visuais e videntes por meio do uso de recursos pedagógicos;
- Fornecer aos professores embasamento teórico e recursos adaptáveis para o ensino da Geografia.
4 revisão da literatura
A Geografia tem como objetivo principal entender a dinâmica
do espaço para auxiliar no planejamento das ações do homem sobre ele. Entender
as formas de relevo, os fenômenos climáticos, as composições sociais, os
hábitos humanos nos diferentes lugares são imprescindíveis para a manutenção da
vida em sociedade. Callai (1998, p. 56) defende a geografia como uma ciência
que estuda, analisa e tenta explicar (conhecer) o espaço produzido pelo homem
e, enquanto matéria de ensino, ela permite que o aluno “se perceba como
participante do espaço que estuda, onde os fenômenos que ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos homens e estão
inseridas num processo de desenvolvimento”.
Dentro dos conteúdos da geografia encontra-se a cartografia,
o estudo dela proporciona o desenvolvimento das habilidades de orientação, de
localização, de representação cartográfica e de leitura de mapa. Sobre
esse conteúdo ALMEIDA (2002) afirma que,
“os mapas são até mais
necessários para pessoas com deficiência visual do que para pessoas que
enxergam, pois além da utilização da linguagem gráfica em várias disciplinas da
escola, esses produtos são fundamentais para orientação e mobilidade,
localização e para a compreensão do espaço geográfico.”
A Cartografia Tátil, ramo da
Cartografia que se ocupa da concepção, elaboração e uso dos mapas táteis, pode
ser definida como, a arte e a técnica de transpor uma informação visual de tal
maneira que o resultado seja um documento que possa ser utilizado inclusive por
pessoas com deficiência visual.
Os mapas táteis são representações cartográficas em relevo,
elaboradas a partir de informações visuais. Nestes mapas é possível reproduzir
o sistema simbólico do mapa visual por meio da linguagem tátil, desde que sejam
consideradas as características particulares do tato. As representações
gráficas táteis podem ser utilizadas como recursos didáticos em sala de aula ou
para auxiliar na locomoção e mobilidade de pessoas com deficiência visual em
edifícios e locais públicos, centros urbanos, etc.
A adaptação de informações visuais para táteis não pode ser
feita de qualquer maneira, mas tem que ser pensada tendo em vista os alunos com
deficiência visual. Esse cuidado é fundamental para a cartografia tátil, porque
a percepção tátil é diferente da percepção visual, portanto há uma série de
aspectos que os professores devem levar em conta para que a mensagem seja
realmente recebida e compreendida pelo aluno.
Sobretudo ainda é importante destacar que antes de tentar
entender o desempenho de um aluno deficiente visual, tentar suprir suas
necessidades ou resolver seus problemas de aprendizagem, com recursos é
necessário primeiramente conhecer sua história para interagir com ele procurar
perceber o mundo como ele percebe. De acordo com Rossi (2000, p.57), “... a
deficiência visual pode causar não só danos motores, psicológicos e cognitivos,
como também sociais.” Por tanto antes de tentar ajudar o deficiente visual é
imprescindível ter entendimento e conhecimento de sua história, ou seja, sua
inclusão no processo familiar, escolar e social.
Nos quatro estágios do desenvolvimento de Piaget o
sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-formal. O
estágio sensório-motor (ate 2 anos) é considerado, essencialmente, prático,
para o deficiente visual, durante esse estágio o DV deve ter a maior quantidade
de estímulos possíveis podendo utilizá-los futuramente e conseguir a construção
de noções espaciais e imagens mentais dos percursos que irá fazer. No estágio
pré-operatório (2 ate os 6/7 anos) é caracterizado pela coordenação da visão e
da apreensão. Para a criança DV é o início de uma manipulação dos objetos e percebe-se
que, com a aquisição da fala, os objetos podem ser solicitados, nesse estágio é
importante que a criança manipule objetos ao máximo e que seus nomes sejam
pronunciados para que ela possa com o tempo associar o nome à forma. No estágio
operatório-concreto (dos 6/7 aos 11/12 anos)
as crianças DVs ainda não conseguem o esboço de imagens mentais e até por volta
dos 12 anos, há grandes progressos no raciocínio concreto, mas o lógico, que
envolve a orientação espacial e formação de imagens, é falho exigindo
intervenção para seu desenvolvimento.
O DV não constrói sozinho o esquema corporal, dessa forma
além do toque corporal necessita também do dialogo verbal sobre, o esquema
corporal e a imagem de seu próprio corpo, sobre isso Telford e Sawrey (1988,
p.516), argumentam que,
“se este dialogo verbal não for bem
esclarecido, devido à perda de elementos não falados da comunicação oral, como
posturas, gestos e expressões faciais, a imagem do corpo do DV poderá ficar
deturpada, influenciando, inclusive, na sua construção e adaptação espacial”.·.
É fundamental promover situações que favorecem as
referencias dos alunos em relação ao espaço vivido, Callai (1998, p. 68) define
“o espaço como o lugar onde estamos o lugar em que vivemos”. O deficiente
visual percebe o mundo de uma maneira muito particular, é importante que ele
tenha a oportunidade de ampliar seu contato com o mundo para que ele possa
intensificar seu contato e relações com aqueles que o cercam.
5 metodologia
As ações
a serem desenvolvidas nesse projeto serão divididas em etapas:
Na 1ª
etapa deverá ser feito um estudo sobre o histórico de cada criança a fim de
saber como e quando ocorreu sua inclusão no processo escolar.
Na 2ª
etapa confeccionar materiais adaptados os mapas táteis, e nesse processo é
interessante que todos os alunos participem.
A 3º
etapa consiste em trabalhar em sala de aula com os recursos adaptados e também
propor jogos para ampliar e dinamizar o conhecimento, os seguintes jogos
direcionam-se basicamente, ao exercício das noções pessoais de direção e
espacialidade com base no estimulo corporal.
·
Meu mestre
mandou…
Trabalhar o esquema corporal
com as crianças, solicitando que coloquem as mãos na cabeça, joelhos, pescoço,
cotovelo, barriga, pés, mãos, etc.
·
Banho de papel:
O aluno irá imaginar que vai tomar banho e
para isso usará uma folha de papel amassada como sabonete fazer o
movimento de tirar a roupa, abrir o chuveiro e começar a "tomar
banho", esfregando as partes do corpo de acordo com a orientação do
professor, o lado de cima da cabeça, a parte de trás da cabeça, o lado direito da cabeça e a orelha esquerda, o lado esquerdo
da cabeça e a orelha direita, o ombro direito, o lado da frente do tórax, o
aluno irá imaginar que vai tomar banho e para isso usará uma folha de papel
amassada como sabonete. Enxugar-se e secar-se, usando o papel desamassado para
fazer de toalha e o professor continua dando as orientações, todo o lado
direito do corpo, todo o lado esquerdo do corpo, toda a frente do corpo, toda a
parte de trás do corpo, lado de trás, o braço direito pela frente e por trás, o
braço esquerdo pela frente e por trás.
Essas simples
atividades empregam uma serie de noções espaciais e devem ser feitas mais de
uma vez para reforçar as questões de espaço e lateralidade.
Finalmente
a 4ª etapa se para fazer uma avaliação do projeto, é importante ressaltar que
esta avaliação devera ser feita coletivamente, ou seja, alunos e professores.
6 CRONOGRAMA
DATA
|
AÇÕES
|
18/08/14
|
APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA E EXPLICAÇÃO DO PROJETO DE
INTERVENÇÃO
|
25/08/2014
|
ELABORAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
|
01/09/2014
|
ENTREGA E DISCUSSÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
|
15/09/2014
|
CONCLUSÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
|
22/09/2014
|
APLICAÇÃO DO PROJETO
|
29/09/2014
|
APLICAÇÃO DO PROJETO
|
06/10/2014
|
APLICAÇÃO DO PROJETO
|
13/10/2014
|
APLICAÇÃO DO PROJETO
|
20/10/2014
|
APLICAÇÃO DO PROJETO
|
03/11/2014
|
SOCIALIZAÇÃO E DISCUSSÃO DO PROJETO
|
08/11/2014
|
ENTREGA DO PROJETO
|
Alcançar os objetivos traçados fornecendo de modo efetivo
aos professores e alunos sugestões e recursos que possibilitem uma maior
compreensão da disciplina de Geografia com as atividades lúdicas e de leitura tátil,
tal como o mestre mandou, e o banho de papel busca-se despertar no aluno o entendimento
de noções de espaço, lateralidade e direção.
A geografia, ao estudar o espaço geográfico e a dinâmica que
o transforma, é uma ciência que propicia o diálogo com todas as outras,
permitindo a interdisciplinaridade da grande maioria dos conteúdos listados nas
propostas curriculares. Portanto espera-se também que os recursos sejam
ferramentas que venham a auxiliar em outras disciplinas.
Almeja-se que no
termino dessa intervenção tenha se fortalecido o vinculo entre os alunos e
professores proporcionado momentos prazerosos e trocas de experiências e que os
professores que estão em sala de aula cada vez mais busquem recursos didáticos
para melhorar a qualidade do ensino de Geografia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desenvolver materiais e métodos que ajudem no ensino de
Geografia para todos, independentemente de suas diferenças, mas respeitando
suas necessidades é fundamental para o processo de compreensão da disciplina. Nesse
sentido a experiência dos projetos permite a realização de cursos, oficinas,
exploração das técnicas de construção e metodologias de uso dos materiais
didáticos adaptados, numa constante troca de experiências e discussões sobre o
tema na escola.
Para que tudo isso seja dotado de
sentido, se faz necessário instaurar novas relações pedagógicas entre educador
e educando, pautadas na autonomia dos sujeitos, na cooperação, na
solidariedade, e que todos se percebam integrados em seu contexto
sociocultural. Isso também significa assumir uma responsabilidade social pela
seleção dos conteúdos e práticas espaciais, que servirão de ponta pé inicial
para o desenvolvimento das dimensões conceituais e procedimentais e na formação
de atitudes cidadãs, aqui relacionadas, quando os estudantes com
deficiência visual têm a oportunidade de participar ativamente de um processo
de aprendizagem que estimula sua percepção tátil, respeita sua vivência e
trabalha com as noções básicas do mapa (escala, ponto de vista, orientação e
localização) podem alcançar níveis satisfatórios de compreensão das representações gráficas.
Para concluir é importante ressaltar
que, é possível que a associação de mapas táteis com outros recursos didáticos
como maquetes sonoras e ilustrações facilite o processo de aprendizagem de um
tema especifico não só para estudantes com deficiência visual, mas também se
estende para toda a turma desencadeando uma discussão mais ampla e reflexiva
sobre o que está sendo estudado.
SENA, Carla Cristina Reinaldo
Gimenes de. Cartografia tátil no ensino de Geografia: uma proposta metodológica
de desenvolvimento e associação de recursos didáticos adaptados a pessoas com
deficiência visual. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
ALMEIDA, Regina A. (2002). Mapas na
Educação Diferenciada: experiências com professores e alunos. In: Janine
Giselle Le'Sann. (Org.). Cartografia para Escolares no Brasil e no Mundo. Belo
Horizonte – MG.
ROSSI,
Dariane R. Deficiência visual: desafios para o ensino especial e a geografia em
sala de aula. In: REGO, Nelson; SUERTEGARAY, Dirce; HEIDRICH, Álvaro (Org.). Geografia
e educação: geração de ambiências. Porto Alegre: Editora da Universidade –
UFRGS, 2000. p. 57-65. Disponível em:http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2000/Ensino_e_curriculo/Mesa_Redonda_-_Trabalho/10_07_28_2M1402.pdf
Acesso em Setembro de 2014.
Disponível
em: http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/pcn/pcns. aspx?cod=54 Acesso em
Setembro de 2014
Disponível em: http://www.ceped.ueg.br/anais/ivedipe/pdfs/geografia/co/114-187-1-SM.pdf
Acesso em Setembro de 2014.
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