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sexta-feira, 24 de abril de 2015

PROJETO DE INTERVENÇÃO:O ENSINO DE GEOGRAFIA PARA DEFICIENTE VISUAL



governo do estado de ceará
secretaria da educação básica
centro de referência em educação e atendimento      especializado do ceará – creaece
formação continuada da pessoa com DEFICIÊNCIA visual










o ensino de geografia para deficiente visual















FORTALEZA-CEARÁ
2014









DENNYSE BANDEIRA DE AZEVEDO RODRIGUES


o ensino de geografia para deficiente visual






Projeto de Intervenção Pedagógica apresentado ao curso de Formação Continuada em Educação da Pessoa com Deficiência Visual, sob a orientação da Professora Ana Lúcia Farias.











                
FORTALEZA-CEARÁ
2014












INTRODUÇÃO


       A Importância da Geografia está relacionada à necessidade de se conhecer o espaço geográfico. Este pode ser entendido como o espaço produzido pelo homem e que está em constante transformação ao longo do tempo. Podemos dizer, então, que o espaço geográfico possui um caráter histórico e, por isso, é capaz de contar a história e as características da ação humana sobre o meio em que vive. Além do mais, também é campo de estudo da Geografia toda a dinâmica superficial da Terra.
O ensino de geografia pode levar os alunos a compreenderem de forma mais ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e propositiva. Para tanto, porém, é preciso que os educandos adquiram conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos com os quais este campo de conhecimento opera e constitui suas teorias e explicações, de modo a poder não apenas compreender as relações socioculturais e o funcionamento da natureza às quais historicamente pertence, mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade, ou seja, o conhecimento geográfico.
Através do ensino de geografia, o aluno poderá formar uma consciência espacial, um raciocínio geográfico. Essa consciência espacial vai além do conhecer e localizar, ela inclui analisar, sentir, e compreender a especialidade das práticas sociais.
O professor deve utilizar sua sensibilidade para apresentar conteúdos mais próximos do cotidiano do aluno, procurando transpor a realidade a todos, sejam àqueles que têm algum tipo de deficiência ou não, fornecendo assim subsídios para que os estudantes formulem seus próprios conceitos (CHAVES, 2010). Dessa forma, o auxílio do professor, com a utilização de práticas e recursos específicos, possibilita ao aluno o aprimoramento de suas habilidades, o que pode favorecer significativamente o desenvolvimento cognitivo dos estudantes.
Portanto este projeto intenciona apresentar reflexões sobre o ensino de geografia e propor a aplicação de diferentes metodologias de ensino utilizando recursos multissensoriais no intuito de facilitar o processo de compreensão e interiorização de conceitos da geografia.

 2 JUSTIFICATIVA


         Na disciplina de Geografia em razão dos conteúdos que aborda, não há como simplesmente descrever os mapas, as gravuras, as movimentações das placas tectônicas e esperar que o aluno deficiente visual tenha uma ideia clara desses conceitos, já que a maior parte dos mapas disponíveis são impressos ou digitais, ou seja, atendem às necessidades das pessoas com visão “normal”.  
        Se considerarmos os alunos com necessidades educacionais especiais, o grupo que apresenta maiores dificuldades na área de ensino da Geografia é o das pessoas com deficiência visual, pela importância da visualização do espaço geográfico e de suas representações. As informações e análises geográficas podem ser obtidas por meio dos textos que utilizam a linguagem verbal, escrita ou oral, no entanto, como já foi dito não é o suficiente para que o aluno aprenda a disciplina. É necessário que essas informações sejam apresentadas também em linguagem gráfica. Sena (2008) é com base em materiais concretos que o aluno deficiente visual pode realizar abstrações.
        Por isso, o desenvolvimento de imagens e representações gráficas adaptadas à forma tátil torna-se indispensável para uma Geografia que pretenda ser inclusiva.
       Encontra se aqui uma grande dificuldade dos professores ao encontrar um aluno deficiente visual em sala de aula, pois ele não possui recursos didáticos, esses tão importantes para a aprendizagem dos alunos.
       O estudo da Geografia revela os efeitos da interação do homem com o ambiente e consigo mesmo, mostra ao aluno que ele faz parte do processo dinâmico de mudanças na sociedade, além disso, ela aborda conceitos importantíssimos para seu desenvolvimento como exercícios de mobilidade, direção orientação espacial e outros. Dessa forma ensino da disciplina de geografia não pode ser descuidado ou ate mesmo deixar de ser ensinado em razão das dificuldades encontradas.



3 OBJETIVO GERAL

        Auxiliar de modo efetivo aos professores e alunos com recursos que possibilitem uma maior compreensão da disciplina de Geografia.

3.1 OBJETIVOS ESPECIFICOS



  •   Promover uma maior interação e ajuda mutua entre alunos deficientes visuais e videntes por meio do uso de recursos pedagógicos;
  •   Fornecer aos professores embasamento teórico e recursos adaptáveis para o ensino da Geografia.



4 revisão da literatura


     A Geografia tem como objetivo principal entender a dinâmica do espaço para auxiliar no planejamento das ações do homem sobre ele. Entender as formas de relevo, os fenômenos climáticos, as composições sociais, os hábitos humanos nos diferentes lugares são imprescindíveis para a manutenção da vida em sociedade. Callai (1998, p. 56) defende a geografia como uma ciência que estuda, analisa e tenta explicar (conhecer) o espaço produzido pelo homem e, enquanto matéria de ensino, ela permite que o aluno “se perceba como participante do espaço que estuda, onde os fenômenos que ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos homens e estão inseridas num processo de desenvolvimento”.

        Dentro dos conteúdos da geografia encontra-se a cartografia, o estudo dela proporciona o desenvolvimento das habilidades de orientação, de localização, de representação cartográfica e de leitura de mapa. Sobre esse conteúdo ALMEIDA (2002) afirma que,

“os mapas são até mais necessários para pessoas com deficiência visual do que para pessoas que enxergam, pois além da utilização da linguagem gráfica em várias disciplinas da escola, esses produtos são fundamentais para orientação e mobilidade, localização e para a compreensão do espaço geográfico.”

         A Cartografia Tátil, ramo da Cartografia que se ocupa da concepção, elaboração e uso dos mapas táteis, pode ser definida como, a arte e a técnica de transpor uma informação visual de tal maneira que o resultado seja um documento que possa ser utilizado inclusive por pessoas com deficiência visual.
        Os mapas táteis são representações cartográficas em relevo, elaboradas a partir de informações visuais. Nestes mapas é possível reproduzir o sistema simbólico do mapa visual por meio da linguagem tátil, desde que sejam consideradas as características particulares do tato. As representações gráficas táteis podem ser utilizadas como recursos didáticos em sala de aula ou para auxiliar na locomoção e mobilidade de pessoas com deficiência visual em edifícios e locais públicos, centros urbanos, etc.
         A adaptação de informações visuais para táteis não pode ser feita de qualquer maneira, mas tem que ser pensada tendo em vista os alunos com deficiência visual. Esse cuidado é fundamental para a cartografia tátil, porque a percepção tátil é diferente da percepção visual, portanto há uma série de aspectos que os professores devem levar em conta para que a mensagem seja realmente recebida e compreendida pelo aluno.
          Sobretudo ainda é importante destacar que antes de tentar entender o desempenho de um aluno deficiente visual, tentar suprir suas necessidades ou resolver seus problemas de aprendizagem, com recursos é necessário primeiramente conhecer sua história para interagir com ele procurar perceber o mundo como ele percebe. De acordo com Rossi (2000, p.57), “... a deficiência visual pode causar não só danos motores, psicológicos e cognitivos, como também sociais.” Por tanto antes de tentar ajudar o deficiente visual é imprescindível ter entendimento e conhecimento de sua história, ou seja, sua inclusão no processo familiar, escolar e social.
          Nos quatro estágios do desenvolvimento de Piaget o sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-formal. O estágio sensório-motor (ate 2 anos) é considerado, essencialmente, prático, para o deficiente visual, durante esse estágio o DV deve ter a maior quantidade de estímulos possíveis podendo utilizá-los futuramente e conseguir a construção de noções espaciais e imagens mentais dos percursos que irá fazer. No estágio pré-operatório (2 ate os 6/7 anos) é caracterizado pela coordenação da visão e da apreensão. Para a criança DV é o início de uma manipulação dos objetos e percebe-se que, com a aquisição da fala, os objetos podem ser solicitados, nesse estágio é importante que a criança manipule objetos ao máximo e que seus nomes sejam pronunciados para que ela possa com o tempo associar o nome à forma. No estágio operatório-concreto (dos 6/7 aos 11/12 anos) as crianças DVs ainda não conseguem o esboço de imagens mentais e até por volta dos 12 anos, há grandes progressos no raciocínio concreto, mas o lógico, que envolve a orientação espacial e formação de imagens, é falho exigindo intervenção para seu desenvolvimento.
           O DV não constrói sozinho o esquema corporal, dessa forma além do toque corporal necessita também do dialogo verbal sobre, o esquema corporal e a imagem de seu próprio corpo, sobre isso Telford e Sawrey (1988, p.516), argumentam que,

“se este dialogo verbal não for bem esclarecido, devido à perda de elementos não falados da comunicação oral, como posturas, gestos e expressões faciais, a imagem do corpo do DV poderá ficar deturpada, influenciando, inclusive, na sua construção e adaptação espacial”.·.

      É fundamental promover situações que favorecem as referencias dos alunos em relação ao espaço vivido, Callai (1998, p. 68) define “o espaço como o lugar onde estamos o lugar em que vivemos”. O deficiente visual percebe o mundo de uma maneira muito particular, é importante que ele tenha a oportunidade de ampliar seu contato com o mundo para que ele possa intensificar seu contato e relações com aqueles que o cercam.


5 metodologia


As ações a serem desenvolvidas nesse projeto serão divididas em etapas:

Na 1ª etapa deverá ser feito um estudo sobre o histórico de cada criança a fim de saber como e quando ocorreu sua inclusão no processo escolar.

Na 2ª etapa confeccionar materiais adaptados os mapas táteis, e nesse processo é interessante que todos os alunos participem.

A 3º etapa consiste em trabalhar em sala de aula com os recursos adaptados e também propor jogos para ampliar e dinamizar o conhecimento, os seguintes jogos direcionam-se basicamente, ao exercício das noções pessoais de direção e espacialidade com base no estimulo corporal.

·         Meu mestre mandou…

          Trabalhar o esquema corporal com as crianças, solicitando que coloquem as mãos na cabeça, joelhos, pescoço, cotovelo, barriga, pés, mãos, etc.

·         Banho de papel:

   O aluno irá imaginar que vai tomar banho e para isso usará uma folha de papel amassada como sabonete fazer o movimento de tirar a roupa, abrir o chuveiro e começar a "tomar banho", esfregando as partes do corpo de acordo com a orientação do professor, o lado de cima da cabeça, a parte de trás da cabeça, o lado direito da cabeça e a orelha esquerda, o lado esquerdo da cabeça e a orelha direita, o ombro direito, o lado da frente do tórax, o aluno irá imaginar que vai tomar banho e para isso usará uma folha de papel amassada como sabonete. Enxugar-se e secar-se, usando o papel desamassado para fazer de toalha e o professor continua dando as orientações, todo o lado direito do corpo, todo o lado esquerdo do corpo, toda a frente do corpo, toda a parte de trás do corpo, lado de trás, o braço direito pela frente e por trás, o braço esquerdo pela frente e por trás.
        Essas simples atividades empregam uma serie de noções espaciais e devem ser feitas mais de uma vez para reforçar as questões de espaço e lateralidade.

Finalmente a 4ª etapa se para fazer uma avaliação do projeto, é importante ressaltar que esta avaliação devera ser feita coletivamente, ou seja, alunos e professores.
                               

6 CRONOGRAMA


DATA
AÇÕES
18/08/14
APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA E EXPLICAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
25/08/2014
ELABORAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
01/09/2014
ENTREGA E DISCUSSÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
15/09/2014
CONCLUSÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
22/09/2014
APLICAÇÃO DO PROJETO
29/09/2014
APLICAÇÃO DO PROJETO
06/10/2014
APLICAÇÃO DO PROJETO
13/10/2014
APLICAÇÃO DO PROJETO
20/10/2014
APLICAÇÃO DO PROJETO
03/11/2014
SOCIALIZAÇÃO E DISCUSSÃO DO PROJETO
08/11/2014
ENTREGA DO PROJETO



     Alcançar os objetivos traçados fornecendo de modo efetivo aos professores e alunos sugestões e recursos que possibilitem uma maior compreensão da disciplina de Geografia com as atividades lúdicas e de leitura tátil, tal como o mestre mandou, e o banho de papel busca-se despertar no aluno o entendimento de noções de espaço, lateralidade e direção.
    A geografia, ao estudar o espaço geográfico e a dinâmica que o transforma, é uma ciência que propicia o diálogo com todas as outras, permitindo a interdisciplinaridade da grande maioria dos conteúdos listados nas propostas curriculares. Portanto espera-se também que os recursos sejam ferramentas que venham a auxiliar em outras disciplinas.
    Almeja-se que no termino dessa intervenção tenha se fortalecido o vinculo entre os alunos e professores proporcionado momentos prazerosos e trocas de experiências e que os professores que estão em sala de aula cada vez mais busquem recursos didáticos para melhorar a qualidade do ensino de Geografia.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


     Desenvolver materiais e métodos que ajudem no ensino de Geografia para todos, independentemente de suas diferenças, mas respeitando suas necessidades é fundamental para o processo de compreensão da disciplina. Nesse sentido a experiência dos projetos permite a realização de cursos, oficinas, exploração das técnicas de construção e metodologias de uso dos materiais didáticos adaptados, numa constante troca de experiências e discussões sobre o tema na escola.
       Para que tudo isso seja dotado de sentido, se faz necessário instaurar novas relações pedagógicas entre educador e educando, pautadas na autonomia dos sujeitos, na cooperação, na solidariedade, e que todos se percebam integrados em seu contexto sociocultural. Isso também significa assumir uma responsabilidade social pela seleção dos conteúdos e práticas espaciais, que servirão de ponta pé inicial para o desenvolvimento das dimensões conceituais e procedimentais e na formação de atitudes cidadãs, aqui relacionadas, quando os estudantes com deficiência visual têm a oportunidade de participar ativamente de um processo de aprendizagem que estimula sua percepção tátil, respeita sua vivência e trabalha com as noções básicas do mapa (escala, ponto de vista, orientação e localização) podem alcançar níveis satisfatórios de compreensão das representações gráficas.
       Para concluir é importante ressaltar que, é possível que a associação de mapas táteis com outros recursos didáticos como maquetes sonoras e ilustrações facilite o processo de aprendizagem de um tema especifico não só para estudantes com deficiência visual, mas também se estende para toda a turma desencadeando uma discussão mais ampla e reflexiva sobre o que está sendo estudado.




SENA, Carla Cristina Reinaldo Gimenes de. Cartografia tátil no ensino de Geografia: uma proposta metodológica de desenvolvimento e associação de recursos didáticos adaptados a pessoas com deficiência visual. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

ALMEIDA, Regina A. (2002). Mapas na Educação Diferenciada: experiências com professores e alunos. In: Janine Giselle Le'Sann. (Org.). Cartografia para Escolares no Brasil e no Mundo. Belo Horizonte – MG.
ROSSI, Dariane R. Deficiência visual: desafios para o ensino especial e a geografia em sala de aula. In: REGO, Nelson; SUERTEGARAY, Dirce; HEIDRICH, Álvaro (Org.). Geografia e educação: geração de ambiências. Porto Alegre: Editora da Universidade – UFRGS, 2000. p. 57-65. Disponível em:http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2000/Ensino_e_curriculo/Mesa_Redonda_-_Trabalho/10_07_28_2M1402.pdf Acesso em Setembro de 2014.

Disponível em: http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/pcn/pcns. aspx?cod=54 Acesso em Setembro de 2014
Disponível em: http://www.ceped.ueg.br/anais/ivedipe/pdfs/geografia/co/114-187-1-SM.pdf Acesso em Setembro de 2014.



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