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sábado, 16 de agosto de 2014

LITERATURA SURDA.

LITERATURA SURDA, O QUE É?

        Desde cedo, crianças ouvintes convivem com histórias infantis que ouvem, que lhe são lidas ou entra em contato auditivamente. É neste aspecto que cabe questionar a respeito da criança surda neste contexto. Como auxilia-las a entrarem neste mundo da fantasia e da imaginação? É difícil, por inúmeros motivos, encontrarem-se obras literárias que registrem o cotidiano de pessoas surdas ou que narrem experiências e aspectos culturais da surdez.
         Acerca da definição de Literatura Surda Karnopp (2010) diz que: “Literatura surda é a produção de textos literários em sinais, que traduz a experiência visual, que entende a surdez como presença de algo e não como falta, que possibilita outras representações de surdos e que considera as pessoas surdas como um grupo linguístico e cultural diferente” (p.161).
           A autora ainda explica que a cultura surda, a experiência visual e a língua de sinais é o que sustenta o encontro e a vida da comunidade surda, sendo que uma das diferenças entre a comunidade surda de outras comunidades linguísticas é que não estão geograficamente em uma mesma localidade, mas estão espalhados em várias partes do mundo. O local de trabalho, de lazer e a convivência não são comuns apenas para surdos, além disso, o encontro surdo-surdo pode não ocorrer constantemente, o que dificulta a proximidade. Assim, existem associações de surdos, onde são realizadas atividades conjuntas, escolas para surdos e locais de encontro, mantendo viça a cultura surda.
           Neste contexto a língua de sinais constitui-se como o elo da comunidade surda, seu uso possibilita a produção de histórias, poemas, piadas, contos, fábulas, clássicos, romances, lendas e outras manifestações culturais que vão passando por várias gerações. Assim, a Literatura Surda está também relacionada com a cultura surda, pois nela são frequentemente relatada a vida dos próprios surdos, suas lutas e desafios diante de uma maioria ouvinte; nas piadas utilizam-se personagens surdos e ouvintes apresentando diversos conflitos do dia-a-dia; as fábulas e histórias são adaptadas ou criadas focando os personagens como sendo surdos; nos poemas utiliza-se de muitos classificadores.
           Rosa e Klein (2009) explicam que “a literatura sinalizada é uma expressão artística dos surdos registrados através de vídeos e a divulgação desse material em língua de sinais mostra o enfoque de uma diferença cultural, que é própria dos surdos.” (p. 2-3).
            É importante considerar que a impossibilidade do domínio da leitura em português pelo surdo não se dá pelo fato de o mesmo ser incapaz disso, mas sim devido às práticas desenvolvidas que não lhe possibilitam isso. As práticas pedagógicas ao longo do tempo não consideraram o fato de a língua portuguesa ser a segunda língua para o surdo e consequentemente as metodologias foram inadequadas. (FERNADES, 1999).
            Rosa e Klein (2009) explicam que os surdos percebem e captam as informações através dos olhos, do visual. Para um conto de história ser produtivo para crianças surdas é necessário que esta história seja contada em Libras. Porém se a história apresentar uma narrativa que gira em torno da cultura ouvinte, será interessante além da tradução para Libras a adaptação para a cultura surda então teremos uma Literatura Surda com todos os artifícios como expressões faciais e corporais, classificadores, ilustrações que tocarão o emocional e a imaginação da criança e a percepção quanto a expressão da cultura e identidade surda.
           Acerca dos materiais que abordam a Literatura Surda Quadros (2006) refere que são fundamentais no processo de alfabetização da criança surda, pois “A produção de contadores de histórias naturais, de histórias espontâneas e de contos que passam de geração em geração são exemplos de literatura em sinais que precisam fazer parte do processo de alfabetização de crianças surdas”. 


Intérpretes de Língua de Sinais: Uma política em construção

Introdução


     Em vários países há tradutores e intérpretes de língua de sinais. A história da constituição deste profissional se deu a partir de atividades voluntárias que foram sendo valorizadas enquanto atividade laborai na medida em que os surdos foram conquistando o seu exercício de cidadania.  A participação de surdos nas discussões sociais representou e representa a chave para a profissionalização dos tradutores e intérpretes de língua de sinais. Outro elemento fundamental neste processo é o reconhecimento da língua de sinais em cada país. À medida que a língua de sinais do país passou a ser reconhecida enquanto língua de fato, os surdos passaram a ter garantias de acesso a ela enquanto direito linguístico.  Assim, consequentemente, as instituições se viram obrigadas a garantir acessibilidade através do profissional intérprete de língua de sinais.


Desenvolvimento:
Perspectivas históricas do campo da interpretação em Língua de Sinais:

     No Brasil, em meados da década de 80 surgiram os primeiros trabalhos de interpretação em Língua de Sinais desenvolvidos em instituições religiosas e nas relações familiares e de amizades com surdos, nessa época, os intérpretes não tinham o status profissional que hoje possuem, mas muitos daqueles intérpretes que atuavam nesses espaços se tornaram, ao longo dos anos, líderes da categoria e, atualmente, participam do cenário nacional enquanto articuladores do movimento em busca da profissionalização desse grupo, como membros e presidentes das associações de intérpretes de Língua de Sinais no país.

    Nos Estados Unidos, a organização dessa categoria profissional se iniciou em 1964, quando um grupo de intérpretes de língua sinalizada estabeleceu o Registro de Intérpretes para Surdos. Esse registro assumiu a responsabilidade de formação, treinamento e avaliação, estabelecendo código de comportamento ético. Promoveu, também, workshops com a finalidade de implementar um sistema de avaliação nacional, naquele país, para testar e certificar os intérpretes habilitados a desempenhar suas atividades.

     Nos séculos XVIII e XIX, em decorrência da revolução industrial, há maior crescimento nas cidades, trocando também as concepções acerca do trabalho e do papel das pessoas surdas na sociedade. Para evitar o isolamento dos surdos as instituições com fins religiosos, educativos, sociais e de ajuda em geral ofereciam diferentes serviços para a comunidade surda. As pessoas que tinham contato com algum parente surdo assumiram o papel de “ponte” entre a comunidade surda e os ouvintes, situação semelhante, no espaço familiar, aconteceu com os filhos ouvintes de pais surdos pela aquisição e fluência com que os filhos, em convivência com seus pais, tinham da língua, desenvolviam a atividade de interpretar, intermediando surdos e ouvintes.

 Intérprete de LIBRAS


         O intérprete de LIBRAS é o profissional que tem competência e proficiência para interpretar da LIBRA para a Língua Portuguesa, ou vice-versa.
A Lei nº 12.319, de 1º/09/2010, regulamentou a profissão do Tradutor e Intérprete da LIBRAS. Na prática, o intérprete serve de ponte entre os surdos usuários da LIBRAS e os ouvintes, com objetivo de estabelecer a comunicação entre ambos. Assim, se o Decreto nº 5.626/2005 fosse cumprido, veríamos em todos os órgãos públicos, hospitais e escolas a atuação desse profissional.
          De acordo com o artigo 6º da Lei nº 12.319/2010, estas são as atribuições do tradutor e do intérprete de LIBRAS, no exercício de suas competências:
I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa;
II - interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares;
III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos;
IV - atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das instituições de ensino e repartições públicas;
V - prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos ou policiais.

        Como se pode observar, a contribuição do intérprete na inclusão dos surdos na sociedade se dá pelo fato dele ser mediador na comunicação destes com outras pessoas, inclusive entre os próprios surdos, pois nem todo surdo é usuário da língua de sinais brasileira.





 

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